Faleceu Maria Isaura Pereira de Queiroz, uma das mais ilustres sociólogas brasileiras. Notas de Paulo Henrique Martins
Maria Isaura (1918-2018) faleceu no último dia 27 de dezembro encerrando longo ciclo de contribuição memorável aos estudos da sociologia. Aluna e colaboradora próxima de Roger Bastide na Universidade de São Paulo (USP) teve importante carreira nacional e internacional sobretudo nos estudos sobre movimentos religiosos e questões rurais.
Maria Isaura lecionou na França em vários centros: na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais, no Instituto da América Latina e na Universidade de Paris XI. Foi também professora visitante no Canadá e no Senegal. Entre os temas que pesquisou estão a sociologia dos movimentos religiosos e messiânicos, o ambiente rural, o camponês, o sertanejo e o cangaceiro, o mandonismo político, a cultura brasileira e o carnaval. Publicou também na França e foi traduzida para o italiano, inglês e espanhol. O historiador Eric Hobsbawm era um grande apreciador de suas produções, tendo-a traduzido para o inglês.
A docente recebeu o Prêmio Jabuti em 1976, por O Messianismo no Brasil e no Mundo. Sua monografia A Dança de São Gonçalo num Município Bahiano venceu o 11º concurso Mário de Andrade em 1957. Em 1990, Maria Isaura se tornou a primeira professora emérita mulher da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFLCH) da USP, sucessora espiritual da FFCL.
Suas maiores obras são: A Guerra Santa no Brasil: o movimento messiânico no Contestado (1957), O messianismo no Brasil e no Mundo (1965), Réforme et Révolution dans les société traditionnelles (1968), Os Cangaceiros : les bandits d’honneur brésiliens (1968), Images messianiques du Brésil (1972), O campesinato brasileiro (1973), O mandonismo local na vida política brasileira (1969; … e outros ensaios, 1976), Cultura, sociedade rural e sociedade urbana no Brasil (1978), Carnaval brasileiro: o vivido e o mito (1992), além de várias outras traduções para o Francês, Italiano e Espanhol.
Notas de Paulo Henrique Martins