Declaração da ALAS contra a prisão de Lula e os atentados à democracia no Brasil

Declaração da ALAS contra a prisão de Lula e os atentados à democracia no Brasil

Declaração da Associação Latino-Americana de Sociologia – ALAS
Contra a prisão de Lula e os atentados à democracia no Brasil
A ALAS, uma das mais antigas associações internacionais de Sociologia, que reúne ao longo de sua trajetória muitos dos principais sociólogos latino-americanos e caribenhos, sempre se posicionou criticamente contra as práticas de exceção e todas as formas de impunidade, como as assumidas por ditaduras militares e civis e por governos neoliberais conservadores e autoritários na América Latina e Caribe, as quais comprometem os processos de desenvolvimento e democratização das nações latino-americanas e caribenhas e as possibilidades de solução pacífica dos grandes problemas estruturais na região que, historicamente, resultam em muitas desigualdades e  injustiças.
A ALAS, neste momento, através de sua presidência, seus diretores, ex-presidentes e membros, dos diversos países latino-americanos e caribenhos, vem se manifestar publicamente contra a prisão de Luís Inácio Lula da Silva, liderança social, popular e política com amplo reconhecimento internacional por sua incansável militância em prol da maior equidade e justiça social no país, no continente e em âmbito mundial.
A condenação de Lula a uma pena de mais de 12 anos de prisão, além de não se basear em provas factuais e apenas na presunção de culpabilidade, o que em si já constitui grave atentado à Constituição brasileira e à democracia, é totalmente desproporcional com relação à dimensão do crime imputado, levantando sérias suspeições sobre a isenção do processo jurídico no Brasil. Por outro lado, seguem impunes vários políticos alçados ao poder desde o golpe de 2016, e mesmo o próprio presidente Temer, após fortes indícios de envolvimento em grandes esquemas de corrupção.
A condenação de Lula é mais um fato que aponta para a conjuntura de crise extrema e a deterioração da democracia brasileira, sendo notória a perda de legitimidade das instituições governamentais, dos poderes executivo, legislativo e judiciário. Trata-se de uma conjuntura política e social retrógrada, marcada tanto pela atuação arbitrária e seletiva do poder judiciário como pela impunidade e a violação aos direitos humanos. Vale destacar, entre outras práticas autoritárias que também atingem diversas áreas de políticas públicas no país, a ocorrência de uma série de medidas de intervenção que ameaçam a autonomia e as liberdades da vida acadêmica e da educação cidadã.
Diante deste amplo quadro de crise, a ALAS exige justiça contra todos esses crimes, inclusive os de corrupção, para a garantia e o fortalecimento da democracia e da credibilidade das instituições no Brasil, e, em especial, as do sistema judiciário. A ALAS exige que se faça justiça imparcial e efetiva a todas as vítimas que têm se oposto ao sistema político corrompido no país. Assim, a ALAS enfatiza a imprescindível necessidade de investigação sobre a execução da Veredora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, e, em seguida, de Carlos Alexandre Pereira, intimado como testemunha. Também os responsáveis por estes crimes não podem permanecer impunes e as memórias destas três vítimas precisam ser reparadas e honradas.
No cenário atual de preocupantes eventos no plano internacional que obstaculizam a paz social mundial, a ALAS tem o dever de convocar todos os seus membros, simpatizantes e universidades comprometidas com a Sociologia na América Latina e Caribe e noutros continentes a se manifestarem contra os terríveis e inadmissíveis golpes à democracia e aos direitos humanos observados no Brasil.
Com urgência, a ALAS conclama a todos sociólogos e os cientistas sociais de todos os países à ampla mobilização de suas redes sociais e institucionais, por meio de documentos de declaração e atos de repúdio nas reuniões e congressos da ALAS e de outras associações acadêmicas de outros continentes, para se contraporem veementemente à prisão de Lula e para reivindicarem a elucidação de todas as violações aos direitos humanos em curso, que representam atentados à democracia não só no Brasil, mas também em toda a região latino-americana e caribenha.
A ALAS exige a libertação de Lula, por uma America Latina democrática, mais pacífica e mais justa! A ALAS se posiciona contra as práticas de exceção e de impunidade que comprometem a liberdade de expressão e as lutas por direitos mais igualitários!

Comité Directivo
Asociación Latinoamericana de Sociología
Montevidéu, 12 de abril de 2018

 
Descargar declaración en portugués >>



Declaración de ALAS contra la prisión de Lula y los atentados a la democracia en Brasil
Declaración de la Asociación Latinoamericana de Sociología – ALAS
Contra la prisión de Lula y los atentados a la democracia en Brasil
ALAS, una de las más antiguas asociaciones internacionales de Sociología, que reúne a lo largo de su trayectoria algunos de los principales sociólogos latinoamericanos, siempre se posicionó críticamente contra las prácticas de excepción y de todas las formas de impunidad, tales como las asumidas por dictaduras militares y civiles y por los gobiernos neoliberales conservadores y autoritarios en América Latina y el Caribe, que comprometen los procesos de desarrollo y democratización de las naciones latinoamericanas y caribeñas, y las posibilidades de solución pacífica a los graves problemas de desigualdad y de injusticia social.
ALAS, en este momento, a través de su presidencia, sus directores, ex presidentes y miembros, de los diversos países de la región, se manifiesta públicamente contra la prisión de Luis Inacio Lula da Silva, lidera social popular, y político de amplio reconocimiento internacional por su incansable militancia en favor de una mayor equidad y justicia social en el país, en el continente y en el ámbito global.
La condena de Lula a una pena de más de 12 años de prisión, además de no basarse en pruebas fácticas y sólo en la presunción de culpabilidad, lo que en sí ya constituye serio atentado a la Constitución brasileña y a la democracia, es totalmente desproporcionado con relación a la dimensión del crimen imputado, levantando graves sospechas sobre la exención del proceso jurídico en Brasil. Por otro lado, varios políticos que han ascendido al poder desde el golpe de 2016, incluso el propio presidente Temer, siguen impunes tras fuertes indicios de implicación en grandes esquemas de corrupción.
Esta condena es otro hecho que apunta a la grave coyuntura de crisis y deterioro de la democracia brasileña, siendo notoria la pérdida de legitimidad de las instituciones públicas gubernamentales, de los poderes Ejecutivo, Legislativo y Judicial. Se trata de una coyuntura política y social retrógrada, marcada tanto por la actuación arbitraria y selectiva del poder judicial, como por la impunidad y la violación a los derechos humanos. Es importante destacar, entre otras prácticas autoritarias en curso que alcanzan diversas áreas de políticas públicas en el país, la ocurrencia de una serie de medidas de intervención contra la autonomía y las libertades de la vida académica y de la educación ciudadana.
Ante este amplio cuadro de crisis, ALAS exige justicia contra todos esos crímenes, incluyendo los de corrupción, para la garantía y el fortalecimiento de la democracia y la credibilidad en las instituciones en Brasil, incluyendo el sistema judicial. ALAS exige que se haga justicia real e imparcial a todas las víctimas que se han opuesto al sistema político corrupto en el país. Así, enfatizamos la necesidad de investigación y esclarecimiento de los crímenes cometidos contra la Consejera Marielle Franco y su chofer, Anderson Gomes, y luego Alexandre Pereira, testigo. Estos crímenes tampoco deben permanecer impunes y las memorias de los tres necesitan ser reparadas.
ALAS convoca a todos sus miembros, instituciones universitarias y todos los comprometidos con la Sociología en América Latina y el Caribe y en otros continentes a manifestarse contra los terribles e inadmisibles golpes a la democracia observados en Brasil. Con urgencia, ALAS exhorta a todos a la amplia movilización de sus redes sociales e institucionales para denunciar la violencia y los atentados a la democracia y a los derechos humanos en curso, con la promoción de documentos de declaración y actos de repudio en las reuniones y congresos de ALAS y de otras asociaciones académicas de otros continentes.
En este momento de preocupantes acontecimientos en el plano internacional que amenazan la paz social mundial, ALAS tiene el deber de alentar a los sociólogos y los científicos sociales de todos los países a posicionarse de modo vehemente contra la prisión de Lula y por la elucidación de todas las violaciones a los derechos humanos, que representan atentados a la democracia no sólo en Brasil, sino en toda la región latinoamericana y caribeña.
ALAS exige la liberación de Lula, por una América Latina democrática, más pacífica y más justa! ¡ALAS se posiciona contra las prácticas de excepción e impunidad que comprometen la libertad de expresión y las luchas por derechos más igualitarios!
Comité Directivo
Asociación Latinoamericana de Sociología
Montevideo, 12 de abril de 2018
 
 

Sobre el Autor